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Jornalista araraquarense lança ‘As Cartas que não chegaram’ no encerramento da Bienal m331v

Livro traz reflexões sobre a dor e a necessidade de se falar sobre feridas psíquicas silenciosas 3ot48

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Fazia um ano que o jornalista Rodrigo Viana, com agens pelas mais importantes emissoras do país, havia voltado do Japão, onde cobrira o título mundial do Corinthians, pelo SBT. Também lançara, dois meses antes, um livro de literatura e futebol: ‘A bola e o verbo, o futebol na crônica brasileira’, no museu do futebol, em São Paulo. Um dia após o Natal daquele 2013 seu pai foi encontrado morto, na zona rural de Araraquara, interior de São Paulo, com resíduos de auto envenenamento. A polícia concluiu pelo suicídio. A morte foi midiática.

‘Da Tv de São Paulo, um amigo me disse que a polícia tinha notícia. Ouvi o que já sabia. Atônito, cerrei os olhos e caí no desmaiado das coisas. Família minha de primos e tio vieram me acordar, o eu, semimorto’, diz Rodrigo numa das Cartas das mais de trezentas páginas de seu novo romance, ‘As Cartas que não chegaram’ (editora Patuá), que será autografado neste sábado (14), encerramento da Bienal Internacional do Livro em São Paulo.

Como sobreviver a este trauma? Por mais de dez anos, Rodrigo dialogou com um interlocutor fantasma para, finalmente, transformar a linguagem em potência e reidentificar o pai em meio ao trauma. ‘Escrevemos sobre aquilo que precisamos ouvir”, anotou Jung em seus escritos dos Livros Negros.

‘As Cartas que não chegaram’ sugerem, ao menos, dois sentidos como escreve o professor Drº em Linguística, Pedro Varoni, que responde pelo prefácio da obra: não bastam, não aliviam, mas, em sua incompletude, devolvem a nós algo da humanidade perdida. Não chegam também, porque seus destinatários não estão mais nesse plano, alcançaram outras linguagens e silêncios das quais pouco sabemos.

As Cartas e a Psicanálise

O suicídio do pai, evento que catalisa a narrativa, configura-se em um trauma originário que desencadeia uma série de reflexões e memórias que transborda o tempo linear, remetendo a outras perdas e ausências vividas pelo autor. Sob a ótica psicanalista, o movimento entre presença e ausência pode ser analisado à luz do conceito freudiano de luto e melancolia, em que a tentativa de simbolizar a perda representa uma maneira de reelaborar o trauma.

A escrita de Rodrigo também pode ser concebida a partir do conceito de ‘trabalho de luto’, proposto por Freud, em que a dor da partida é gradualmente aceita, permitindo que o sujeito reinvista sua energia emocional em novas relações e objetos.

Contudo, no caso de Viana, o processo parece estar intrinsicamente ligado à dificuldade de completar essa tarefa. A repetição das Cartas, que nunca chegam ao destinatário, simboliza a impossibilidade da resolução plena do luto, remetendo-nos á teoria lacaniana sobre a ‘falta’ e o ‘desejo’. As Cartas que não chegaram são, nesse sentido, uma metáfora da busca incessante, por algo que está permanentemente ausente.

Outro ponto de destaque na obra é a indistinção entre o físico e o espiritual, visível na psicografia recebida pelo autor antes da entrega dos originais. Este episódio lembra o conceito freudiano de ‘retorno do recalcado’, no qual elementos reprimidos do inconsciente voltam à tona sob novas formas. O contato com o ‘além’, por meio da carta psicografada, não só reforça o elo entre o autor e seu pai, mas também evidencia a tentativa de integrar dimensões psíquicas e espiritualistas na elaboração do luto.

Em pré-venda neste mês, setembro, o mês da prevenção ao suicídio, o livro ‘As Cartas que não chegaram’ traz reflexões sobre a dor e a necessidade de se falar sobre as feridas psíquicas que muitas vezes, permanecem silenciosas. A obra de Viana, com sua estrutura fragmentada e fluxo narrativo não-linear, mostra a própria natureza do luto, um processo irregular, sem garantia de fechamento, que exige do sujeito um constante trabalho de elaboração e ressignificação.

O autor afirma que além do fazer literário, quer contribuir para a abertura do diálogo sobre o suicídio e o impacto que ele provoca nas famílias. Suas cartas não são apenas uma tentativa de compreensão da morte do pai, mas também uma homenagem àqueles que se foram, carregando o leitor para uma jornada íntima de dor e resiliência.

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